Por Rodnei Domingues
A proposição categórica
O objetivo do processo de raciocínio, a principal preocupação da lógica, é a demonstração. Não estou lhe dizendo simplesmente que, quando afirmo que o assunto tal é verdade, espero que você aceite isso como verdade somente porque eu disse. Tenho de mostrar que o assunto tal é verdade e faço isso argumentando. Um argumento será tão bom quanto as proposições pelo qual for composto, que, por sua vez, serão tão boas quanto os termos pelos quais forem compostas. Tudo isso foi dito com um argumento em minha mente. Argumento é a atividade da lógica, e qualquer argumento particular é uma manifestação concreta de raciocínio. O próximo passo do processo será olhar com mais atenção para a proposição, mais especificamente para a “proposição categórica”.
A proposição mais efetiva é aquela cuja conclusão é uma proposição categórica. Uma proposição categórica faz uma afirmação da qual não ficaremos com duvidas. Por exemplo: “O produto será entregue hoje”. Temos certeza de que o produto será entregue hoje. Mas, se a frase fosse: “Talvez o produto seja entregue hoje” ou “O produto poderá ser entregue hoje”, toda a certeza se esvai. Essas não são proposições categóricas, e somos deixados na dúvida sobre quando o produto realmente será entregue. Um argumento categórico (formado por proposições categóricas) é, então, o mais efetivo dos argumentos porque nos fornece certo conhecimento.
Mas é a situação real que determina se podemos ou não usar proposições categóricas. Por exemplo, se eu tenho uma dúvida acerca de quando o produto será entregue, seria irresponsável da minha parte afirmar categoricamente que ele será entregue hoje. Mas sempre que a situação me certifica disto, isto é, sempre que temos certeza absoluta, devemos expressar essa certeza categoricamente.
Uma proposição pode ser categórica na forma, mas pode ser expressar embasamento. Uma pessoa pode dizer: “Nossa entregas são sempre realizadas dentro dos prazos”. Embora esta seja uma proposição categórica, pois transmite que seu enunciador não tem dúvida alguma em relação a essa questão, ela é subjetiva, pois declara algo que, quem ouve, não consegue avaliar.
Generalizar
Uma proposição geral é aquela cujo assunto tem um alcance muito amplo. Tal proposição não é necessariamente imprecisa. “Nossa empresa respeita o meio ambiente” e “Nossa empresa se preocupa com as causas sociais” são proposições gerais, e não há razão alguma para discutir as reivindicações que estão fazendo. O que faz uma proposição geral ser bem fundada é se aquilo que está sendo dito é verdade e se pode ser conferido.
Numa proposição como “Nossa empresa respeita o meio ambiente”, a suposição é que a empresa não desrespeitará o meio ambiente nunca. Mas a linguagem da proposição não deixa isso explícito. Para eliminar qualquer dúvida em relação à questão, adicionamos o qualificador “todos” à proposição: todos os funcionários e em todas as atividades da empresa o respeito ao meio ambiente acontece?
A linguagem explícita em proposições gerais é importante porque previne qualquer tipo de confusão por parte da audiência. Algumas pessoas não usam deliberadamente os qualificadores lingüísticos (“todos”, “sempre”) porque pretendem ampliar o que estão dizendo a uma classe inteira sem deixar isso claro.
Existem dois tipos de proposições gerais: a universal e a particular. Uma “proposição universal afirmativa” é uma proposição com “todos” e “todo” (“Todas as baleias são mamíferos”). Ela afirma algo sobre uma classe inteira. Uma “proposição universal negativa” é uma proposição com “nenhum” (“Nenhum peixe tem pés”). Ela nega algo de uma classe inteira. Uma “proposição particular”, negativa ou afirmativa não se refere a um todo ou todos os membros de uma classe especificada pelo sujeito. Ela é geralmente marcada pelo qualificador “alguns” (“Alguns mamíferos são vegetarianos”; “Algumas batatas não estão frescas”). Mas as proposições “A maioria dos brasileiros adultos dirige carros”, e “Uma boa parte dos brasileiros votou no Lula” são também proposições particulares. Desde que a classe inteira não seja mencionada, a proposição é particular. Seja grande ou pequena, uma parte é uma parte.
Quando nos referimos a uma proposição universal ou particular, estamos preocupados com o que, na linguagem lógica, chamamos de “quantidade” da proposição. A “proposição singular” contrasta com a “proposição geral”.
“Proposições universais”, afirmativas ou negativas, são muito precisas. Estão afirmando ou negando algo referente a uma classe inteira, sem exceções. Proposições particulares, ao contrario, são normalmente vagas. “Algum” cobre um grande território; poderia significar 99 por cento ou nove por cento. Mas é possível que uma proposição particular seja bem precisa: “Dezesseis por cento dos corredores terminaram a corrida em menos de duas horas”. Seja sempre tão preciso em suas proposições em relação às coisas quanto seu conhecimento sobre elas permita.